A IGREJA PRIMITIVA X A “IGREJA” MODERNA
Antes que possamos fazer uma comparação entre a “Igreja Primitiva” e a “Igreja Moderna”, é fundamental que antes tenhamos uma compreensão do significado da própria palavra “Igreja”, a fim de aplicá-la de forma correta. Passaremos, portanto, primeiramente à questão do termo propriamente dito…
QUAL O SIGNIFICADO DO TERMO “IGREJA”?
A despeito do fato de que a maioria da sociedade trata por “igreja” o templo onde os cristãos se reúnem, e ainda que no Salmo 122:1, o salmista chame o templo em Jerusalém de “Casa do SENHOR”, não é essa a correta aplicação do termo.
A palavra Igreja tem origem no grego [ekklesia]. Etimologicamente a palavra grega ekklesia é composta de dois radicais gregos: ek que significa (para fora) e klesia que significa (chamados).
Logo, dentro do contexto bíblico, e da própria etimologia da palavra, quando usamos o termo “igreja” para designar um templo religioso, estamos usando de forma incorreta a palavra que, nos lábios de JESUS, em Mateus 16:18, quando ele menciona “a minha igreja”. JESUS está afirmando, nessa passagem, que ELE vai “edificar a sua Igreja”, ou, à luz do significado do termo, que ELE vai “chamar para fora do mundo” um grupo de pessoas – leia-se Lucas 6:13.
Em outra passagem, (Mateus 18:15-20), a Igreja tem um aspecto “local”, a saber, trata-se de uma “reunião no lugar onde moro” e onde posso falar e ser ouvido, e também resolver pendências com outros filhos de DEUS – compare com 2 CO. 6:1-12.
Durante o curto período de 42 meses em que JESUS esteve exercendo o Seu ministério de pregar o Evangelho do Reino, ele formou 12 discípulos a quem denominou apóstolos. Enquanto fazia Sua escolha, JESUS estava, na verdade, levantando os alicerces (colunas) sobre os quais edificaria Sua Igreja.
Depois de Sua ressurreição, o SENHOR JESUS ordenou aos Seus discípulos que “não se ausentassem de Jerusalém até que fossem revestidos com o Espírito Santo”. Depois do revestimento, deveriam “sair e pregar o Evangelho em Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da Terra – LC. 24:49; AT. 1:8.
Num sentido mais amplo, a Igreja é comparada a um “Corpo”, o “Corpo de CRISTO”, o “Corpo Místico, Espiritual” de CRISTO – 1 Coríntios 12:12; Efésios 1:22,23; Hebreus 3:6; 1 Timóteo 3:15; 1 Pedro 2:5; João 11:51, 52 e referências.
Quando surgiu a 1ª Igreja
Podemos dizer, quanto à quando surgiu a 1ª. Igreja, que ela começou “no dia de Pentecostes”, quando o Espírito Santo revestiu os 120 discípulos reunidos e eles pregaram a todos que estavam em Jerusalém, de forma que, logo após a 1ª. Pregação feita por Pedro, quase três mil almas foram batizadas e passaram a viver como Igreja – AT. 2:14-41.
Precisamos lembrar, entretanto, que em seu princípio, a Igreja era composta unicamente por judeus... somente em Atos 10 é que o Evangelho chega também para os “gentios[1]”. Enquanto ouviam o discurso de Pedro, as pessoas que estavam na casa de Cornélio, foram “cheias com o Espírito Santo” e posteriormente “batizadas nas águas”, sendo incluídas na Igreja – AT. 10:44-48.
Posteriormente o Evangelho foi levado até Antioquia, e ali estabeleceu-se uma Igreja não apenas composta por judeus, mas agora, também com gentios – AT. 11:19-21.
A diferença entre “Igreja” e “Religião”
À luz da Palavra de DEUS (Bíblia Sagrada), Igreja é o “Corpo de CRISTO” (CL. 1:24); é a “Casa de DEUS” (HB. 3:6; 1 TM. 3:15; 1 PE. 2:5); a “lavoura de DEUS” e o “edifício de DEUS” (1 Coríntios 3:9). No sentido mais amplo da Palavra, o termo Igreja se aplica a todos aqueles que “nasceram de novo”, tendo sido gerados pela Palavra de DEUS – 1 PE. 1:23, JO. 1:12 – aqueles que ouviram o Evangelho do Reino de DEUS, se arrependeram, se converteram a CRISTO e foram nELE batizados – MC. 16:15,16; AT. 2:38-41; GL. 3:27,28...
A Igreja, portanto, está diretamente relacionada com CRISTO, pois ela é o Seu Corpo.
A religião, entretanto, está ligada à doutrinas, regas, líderes, costumes, etc., não necessariamente a CRISTO. Até mesmo as religiões ditas “cristãs”, que têm em seus títulos ou placas algum nome que as relacione com DEUS ou com CRISTO, são, na verdade, instituições religiosas, associações ou sociedades humanas, estabelecidas por homens e não por CRISTO. Por isso mesmo, funcionam independentemente da ação do Espírito Santo, porque não foram originadas por ELE.
JESUS não deixou nenhuma “religião”, mas deixou-nos, sim, o Seu exemplo e a Sua vida. Essa vida está expressa unicamente no Seu Corpo, na Sua Igreja.
A Igreja, por ser “um Corpo”, possui “membros”, e estes membros, por sua vez, foram “colocados por DEUS” (1 CO. 12:18) no “Corpo”, e “cada membro, no Corpo, tem sua própria função” (leia 1 Coríntios 12:12-27). Os “membros do Corpo” estão vinculados entre si, estão ligados “pela vida de CRISTO” que neles há.
A religião, entretanto, por ser uma “instituição”, possui “associados”, e estes, “se filiam” à religião impelidos por interesses próprios, onde esperam alcanças “cargos”, e obter “vantagens”, ainda que sejam vantagens “psicológicas”.
A Igreja é um “Organismo Vivo”, não tem “sede própria” ou “endereço fixo”, porque, como JESUS afirmou, “onde estiverem dois ou três reunidos em Meu Nome, ali estou Eu no meio deles”. A autoridade suprema na Igreja é CRISTO – o Cabeça, e a lei máxima, é a Palavra de DEUS, e só a ela é que a Igreja está submetida.
A religião, pelo contrário, por ser uma entidade jurídica, tem sede própria, tem diretoria, tem estatuto e normas, e obedece às leis governamentais humanas.
A Igreja é estabelecida sobre dois princípios inegociáveis: CRISTO como o fundamento – 1 CO. 3:11 – e a cidade como base (uma igreja em cada cidade).
A religião é estabelecida sobre princípios e valores humanos, sobre doutrinas de homens e, por isso mesmo, há várias religiões em cada cidade.
A Igreja é reconhecida por DEUS, pois estabelece na vida das pessoas o Reino de DEUS, o governo de CRISTO, e é a “coluna e firmeza da verdade” (1 TM. 3:15).
A religião é condenada por DEUS, pois afasta as pessoas da prática da vida do Reino de DEUS, colocando os homens sob o governo humano, conduzindo os homens pela mentira.
A Igreja combate a divisão entre os filhos de DEUS, ao contrário das religiões que criam essas divisões.
Em 1 CO. 3:1-4; GL. 5:19-21; TG. 3:13-16; e referências, é muito clara a questão de que as divisões existentes entre os filhos de DEUS, as religiões, são obras da carne, e não foram iniciadas pelo Espírito Santo.
[1] Gentio – designação dada a qualquer indivíduo que não fosse judeu. Por conta do Concerto feito entre DEUS e Israel, todo homem que não fazia parte do Concerto, era tido por “gentio”.